domingo, 27 de novembro de 2011

Cento e oitenta

"Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso"






Exausta!Realmente,que energia é preciso para ser eu!E ao contrário do que possam interpretar, isso não é um  elogio!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cento e setenta e nove

Ela fala as coisas na hra em que está nervosa e depois, no resto do tempo, quer me fazer acreditar que não é bem o que pensa.
Ontem, numa discussão sobre a louça e as tarefas domésticas (eterna discórdia), disse que "eu não passo o dia todo na internet".

*(Sorte minha, que ganho bem para passar o dia na net)*

Disse querendo dizer que ela SIM trabalha.
Eu não.

Então eu disse o que digo sempre:  "Quer trocar?Se vc quiser te arrumo um emprego como o meu".

Ao que ela respondeu:   "DEUSMELIVRE".
 (com cara de "eca")

Quer dizer...SEMPRE tem uma oportunidade de diminuir meu trabalho de alguma forma.
Bom, pelo que me consta ela não foi coagida a fazer Rádio e Tv.
Cada um escolhe o que lhe convém ou mesmo que não tenha escolhido exatamente, niquiqui eu tenho a ver com isso?

Mas não vou entrar neste mérito.

A questão é que ela já disse isso outras vezes, em outras situações.

Mesmo sabendo como é importante para mim estar trabalhando.
Mesmo concordando na frente da psicóloga e outro dia na frente da minha mãe sobre o qto está puxado para mim.

Não gosto disso.
Me entristece muito qdo ela deixa para o hora da "briga" as verdades.


Aconteceu 1,2,3 vezes.
Daí não acredito mais na versão "não briga".


Acredito, óbvio, que o que ela pensa é aquilo que deixou escapar na hra do nervoso.


Estes dias mesmo, numa discussão, soltou uma coisa muito ruim, só para me magoar.
Quer dizer, acho que foi só para me magoar.
Mas como isso sempre funciona assim...Acaba que a versão dessas horas é a que prevalece para mim.


Pq SEMPRE funciona assim.


Qto ao meu emprego.
Bom, pode ser o que ela pensa de repente...
Mas falar isso para mim desta maneira mesmo vendo o quanto estou exausta...
Só me afasta MUITO dela.


Pq na mesma hra penso nas coisas que ela diz, no apoio que "deu" qdo reclamei do ritmo que tô,e tal e coisa...p depois dizer isso...
Dizer que ela trabalha e eu não, logo (suponho) deveria fazer mais coisas em casa.

(PARTE QUE ÓBVIO FOI DEDUZIDA POR MIM E PORTANTO SERÁ NEGADA)





Soa meio falso.
Soa meio como: "Tentei me controlar o tempo todo mas a verdade é essa:vc não faz nada".


Fico muito triste, pq é uma tremenda falta de companheirismo.
Ainda mais vindo de quem me viu o ano passado, totalmente perdida...


Mas enfim.
Devo ser sensível demais, certamente...

Acho que, conforme conversamos em terapia, é MUITO importante a gente não dar tanta importância as coisas ruins que acontecem no caminho...

Mas será que não é importante também a gente procurar segurar a língua e não falar certas coisas???

(Ou, por outro lado, ser sincera de uma vez e não passar 99% do tempo fingindo que acha que sou uma grande trabalhadora?)

Olha...cansa, viu???
Me cansa mais estar bem e ela não dar valor nenhum falando estas coisas do que estar mal e continuar mal...

Mas é só o que tenho para dizer sobre isso.

Vou guardar mais esta mágoa e seguir em frente, já que devo minimizar estas coisas.

Quanto à pataquada que é nosso serviço doméstico, não vou nem comentar em quem está certo ou errado, pq em DOIS anos ainda não chegamos em um consenso, certamente ...Ou melhor...Provavelmente... Não será agora. :(


sábado, 19 de novembro de 2011

Cento e setenta e oito

*Eu sou dessas pessoas loucas que publica o post SÓ COM O TÍTULO...Pois é*

E daí que decidi cortar as psicotrópicos.
Louca, talvez, mas vou elaborar primeiro e depois vocês decidem. rs
Ano passado, logo depois de casar, inventei de largar tb.
Achei q a problemática da coisa estava na aviação, e uma vez que tinha saído de lá...Problema resolvido.
Mas não era assim...Cai no fundo do poço...E em queda livre!

Mas era outro momento, né?
Estava lá em casa, largada, sem perspectiva e nada para fazer além do almoço.

Pode ser que ao achar que o momento é outro e dá para testar, eu esteja caindo no mesmo erro.
Mas acho válido.
Acho que a intenção de ninguém é tomar isso tudo para sempre, né?
E só vou descobrir se é a hora certa para largar tentando.

Não me importo de tomar para sempre se isso me fizer ficar bem tb para sempre (e como "bem" leia não feliz, mas sim estável).
Mas tenho que saber.

E acho realmente que o momento agora é outro.
Estou trabalhando, e tals...
Não tenho o fator "largada na cama" para piorar a coisa toda.

Então se ficar mal é realmente pq não deveria ter parado.
Diferente de antes, entende?

A parte ruim é que o que me levou a fazer isso foi o acaso.
(O remédio acabou. Daí descobri q lançaram o genérico, mas como o dr pôs o nome comercial do produto, a farmácia não podia me vender o genérico que era DEZ POR CENTO o preço do original. Daí me rebelei e resolvi  esperar, passar no médico  e pegar a receita do genérico. Mas n consegui marcar consulta...Então resolvi me testar até Dezembro.)
Portanto meu médico não tem nenhum conhecimento desta pataquada toda.

MA TOMO OU NÃO TOMO?
Rá!!!

Mas vamos ver.
É chato, a gte fica dependente da coisa de um modo... Que dá "medo" de parar.
Tipo, qquer meio nervoso que tenho sentido, já penso que é o remédio, e que vou ficar nervosa demais sem ele, e terei que retomar o tratamento.

Daí entra a parte do extremo auto-conhecimento...Tenho que saber bem como estava com o remédio, e tals.
Para não inventar estas besteiras.

E se tiver que voltar a tomar, tomo.
Meio triste, pq acho um gde porre ficar me enchendo de pílula (me enjoa),mas tomo...

Já disse aqui...Para ficar naquele estado que já estive, tomo para sempre.
E não mudei de ideia ( o que não teria problema tb)...
Mas quero dar esta testada na situação.

Tenho medo mais de voltar a ter enxaqueca frequentemente (ano passado foram +- 15 vezes do hospital!) que qquer coisa.

Mas não vou ficar ao léu.
Marquei homeopata para Dezembro (povo se agenda cheia) e vou fazer um tratamento alternativo...

:)

Veremos, veremos...

Quero estar bem, com ou sem psicotrópico.

Besitos


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cento e setenta e sete

E vamos às novidades, né?
Não dá para dizer também que não tenho nenhuma.

Ontem eu PAGUEI.A.INSCRIÇÃO.DO.CURSO.DE.FOTOGRAFIA!!!!
Estou inscrita!
Rá!

Começa dia 10 de janeiro e não vai ser mais na pqp Lapa!
Vai ter turma pertinho de casa!

Uhú!

Não vejo a hra.
Talvez compre a câmera antes do curso, para ir me ambientando...
Quem viver verá Fernanda fotografando festas badaladérrimas por aí!

Fiquei contente, especialmente pq são só 26 vagas (Senac né, bebê?) e eu não tava vendo onde arrumar 300 realidades assim, no meio do mês.
Mas estava BEM NO MEIO da minha cara. E deu para pagar...

:)

Até minha moça disse que essa é uma carreira que combina comigo.

Tomara, tomara que minha busca tenha meio que chegado ao fim.

Louca por uma carreira para chamar de minha.
CARREIRA, não EMPREGO.
Nada contra, mas nunca tive uma carreira.
Porra, todo mundo tem uma coisa para fazer no mundo...Será que nunca acho a minha?
Achei!
Enfim.

Quero ser uma fotógrafa.

___________________




Exausta desta rotina aqui no plantão...Horário exaustivo.DOZE horas longe de casa.
Daí vcs pensam..."Ah, mas como reclama...Passa o dia sem fazer nada e ainda reclama!".
Gente do meu Brasil, dava um quiabo fresco para estar num plantão mais movimentado.
As horas passam mais e melhor (rs), e as pessoas te vendo ocupada, não teimam em descarregar seus problemas ...

(E HAJA SACO)

Eu já vinha me sentindo assim há tempos...
Quando falaram que este lugar fecharia suas portas em 18 de Dezembro, eu comemorei e tals, já cansadinha.
Mas de repente, não mais que de repente, o mês e pouco q falta até lá ficou arrastaaaaaaaaaaaaadooooooooo.
Falta exatamente um mês e parece que chega Natal mas não chega 18/12.

Daí terça simplesmente acordei com a cabeça doendo horrores (Sinusite, para variar) e simplesmente decidi não ir trabalhar.
Olha q loooooxo.
Fiquei em casa com meu amor.

Gente...Desde qdo não faço isso???Pois vos digo que desde julho, qdo retornei ao trabalho.
Qse CINCO meses folgando separado do meu Bem...
Pode isso???

Daí esta paradinha me fez ver que realmente esta rotina esta demais para mim.

Vou ver como as coisas ficam, mas provável que eu passe Dezembro em casa e Janeiro volte por outra agência, que me dê mais flexibilidade.

Qualidade de vida é bom e eu também gosto!

O engraçado é que novamente não prestei atenção nas coisas, e só depois caiu a ficha.
Mas é bem imbecil.
Já passei por isso em 2009, qdo simplesmente não percebi que a coisa estava demais para mim...

Daí esta semana foi caindo a ficha e é isso...Estou exausta e sou mei que burra para perceber.

É trabalho demais, dívida demais, desgosto demais, problema demais.

Precisava ter mais tempo em casa para poder fazer as tarefas domésticas e sentir que moro num local ao menos limpo.
Precisava dar mais tempo para meus cães, pq me culpo muito por deixá-los lá o dia todo.
Preciso ter mais tempo para pensar, escrever...
Precisooooo de mais tempo com a Vanessa.

Etc e tal. Essas coisas...

Tem quem não precise, tem quem não se culpe, mas eu sou assim.
Preciso estar mais em casa...Gosto de estar mais em casa. Repõe minhas energias.


Isso é tudo...Quem sabe depois volto para falar sobre a terapia?


Gosto deste blog...

Tenho mais ideias de postagens que vontade de postar...Mas adoro quando posto!


Besos





domingo, 13 de novembro de 2011

Cento e setenta e seis

Quando é que as pessoas vão perceber uma coisa TÃO óbvia???

sábado, 12 de novembro de 2011

Cento e setenta e cinco

Eu queria entender pq é tão difícil fazer o que me proponho a fazer...
Queria entender pq as coisas todas parecem tão confusas, pq as  perspectivas parecem  (QSE) inexistente, como um muro bem de frente a minha janelinha.
Às vezes...Na verdade diariamente,tenho lampejos q me mostram a realidade.
Me mostram como, no final das contas, é simples sair desta letargia em que me encontro presa.
Mas acho que a coisa não é tão simples pq a letargia não é o problema, é o sintoma.

O problema é essa falta de sentido em tudo, esse "Prá quê" que vem depois de tudo que me proponho a fazer.

No fim, nada tem um pq muito prático, então acabo fazendo as coisas extremamente importantes para a minha sobrevivência...
Ou seja, sobrevivo, apenas.

Os dias parecem curtos, e minha disposição mais ainda.
Vir trabalhar parece uma caminhada para a forca...
(E ninguém pode me culpar disso sem antes dar uma olhadinha no deserto que é esse lugar...Mas ainda assim, todasssssssssssssssssssss as vezes em que me comparei com 2010-em casa-me vejo 100% melhor...Não sou ingrata e burra ao ponto de reclamar de algo q quis TANTO...Mas que é puxado é!)
Voltar para casa sempre é mais animado, pq TODOS OS DIAS eu decido (longe de casa) que vou fazer tudo diferente...
Mas nunca é assim que acontece.
Mais que qquer coisa, aquela casa me entristece, emputece, me mata aos tiquinhos.
Daí um cigarro aqui, uma novelinha ali, uma besteira para comer...E foi o dia.
O sono já bateu, e ás vezes nem bate, já me leva embora sem cerimônias...
Daí acabou o dia e não fiz nada do que me propus a fazer...

Abro os olhos dia seguinte e vem aquela sensação de derrota...De falta de nexo...
Pq se passo o dia TODO no trabalho e não tenho prazer em meus momentos livres, que sentido tem essa porra de vida?

Daí levanto e sai correndo p fazer todas aquelas tarefas cotidianas que eu deveria ter feito na noite anterior...
Marmita, escolher roupa, passar roupa de trabalho,etcetcetc...

E venho p cá (El trampo), morta de Jesus.
Chego (esta hra é a pior), me instalo, me troco, faço maquiagem...E as tarefas que tenho q fazer de manhã aqui na recepção.
Daí não tenho MAIS NADA PARA FAZER o dia TODO...
A não ser que venham os clientes, claro, mas isso é bem raro.

Então ligo o computador, meu companheiro de todo dia...E começa a contagem regressiva para o fim do dia.
Nesta hra o desanimo já melhorou...Pq não estou mais vindo p o trabalho, estou caminhando para a hora de ir para casa!!!
:)
E começo a pensar..."Nossa, mas pq não fiz ___(favor preencher)___???Seria tão simples, tão rápido...Hje vou fazer diferente!!!Farei ______________ e mais _________________ e ________________________!!!"

E passa o dia...E chego em casa e tuuuudo errado outra vez.

A mesma coisa para o relacionamento com minha moça...
Tenho saudade, tenho vontade de estar junto dela, de fazer amor...
Mas em casa, sempre tem um clima estranho, sempre tem o cansaço, sempre tem uma briguinha ou outra, sempre tem os problemas de sempre, sempre tem "amanhã" para a gte ser o que deveríamos ser (um casal, não colegas de quarto)...
Mas aí não é só desleixo, preguiça...
Tem todos aqueles aspectos negativos entre nós ...A traição e a raiva que isso ainda causa nela, a culpa (e a raiva) que isso ainda causa em mim...As coisas que ouço quando brigamos por isso...e blábláblá
Tivemos uns 15 dias em que sinceramente...Achei que separação era só questão de dias.


Muito complicado isso tudo...Mas por mais que seja intenso, e por isso pareça ser fato antigo, tem só 4 meses que tuuuuudo isso aconteceu.

E sabe o que é pior? Tenho certeza, infelizmente, que somando mais 4 meses nessa história, estaremos no mesmo lugar...
E pensando assim, pq continuo insistindo? Sabendo que sempre teremos esse elefante branco entre nós?
Pq no fundo acho que mereço estar lá e ser aquilo tudo que ela acha que sou.
Ou que sou, sei lá.
Mas não é o que queria...

Quando ela descobriu tudo e eu consegui convencê-la a ficar em casa, eu tinha certeza de que ia fazer de tudo para mostrar para essa moça o que eu tinha dentro do peito...
Meu arrependimento, minha culpa, a raiva de mim, e especialmente meu amor por ela.

Mas não é o que venho fazendo.
Fui me deixando abater com as coisas que ouço...
Acho que no fundo esperava poder cuidar dela.
Mas tudo o que eu fiz trouxe uma Vanessa agressiva e distante.
E dessa moça eu não posso me aproximar para cuidar, na maior parte do tempo...

Mas a culpa não é dela.
Ela age como tem que agir...
É um direito dela!
Foi surpreendida da pior forma possível, tomou a cacetada do milênio na cabeça...
Como quero ditar o modo dela agir?

Por outro lado, sinto que isso dificulta as coisas, já que decidimos ficar juntas.


Enfins, bem confuso...
Tudo o que posso dizer é que qdo o ano virar, vou lembrar da virada do ano passado e das coisas que desejei para nós...
E isso tudo com certeza absoluta vai me deixar muito triste.
Pq se tem alguém que estragou 2011, esse alguém fui eu.





E junto com tudo isso tem esta sensação, esta agonia...
Esse desalento, essa falta de perspectiva...Falta de vontade de viver...


Tá confusa a vida, viu???
Nem tenho escrito nada, pq sei que para quem está vendo de fora (se é que alguém vê de fora), sou o próprio drama.
Mas aqui dentro a coisa é BEM confusa...
Nada é tão óbvio qto parece.
Aliás, o óbvio não existe...


Inúmeras...Tantas que até dói!!!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cento e setenta e quatro

¡Feliz Día de los Muertos!

(Que no fim das contas é muito mais divertido que esta pataquada de dia de finados... Ninguém respeita depois de vivo, depois de morto nêgo vira santo e recebe caravana na sepultura!)


Cento e setenta e três

                        Taí algo que eu gostaria de ouvir nesta vida, viu? Mas ...

Cento e setenta e dois



"Você nunca sabe o dia em que vai encontrar o amor da sua vida. Por isso, nenhum aviso, premonição ou intuição me preparou para aquela noite fria de maio. Como já faz tempo que isso aconteceu, posso falar agora, em detalhes, sobre o momento que antecede o encontro com o amor de sua vida. Sobre os segundos que separam sua existência até ali do resto dela. Trata-se, entendam, de um tempo muito peculiar, medido em frações de segundos. Trata-se de uma fenda temporal, mais exatamente. Mas, se você ficar atento, conseguirá, depois que tudo passar, lembrar de cada um dos detalhes, como eu faço agora.
Quando você se encontra com o amor da sua vida você está em um restaurante da cidade esperando, com amigos, por uma mesa. De dentro do salão lotado o amor da sua vida vem andando na sua direção, muito sofisticadamente, vestido em um elegante casaco de couro, botas de salto muito alto, o cabelo – escuro, longo e brilhante – solto. Você fica completamente imóvel, vendo o amor da sua vida vir na sua direção.
O restaurante não é grande, mas o amor da sua vida está do outro lado do salão lotado, ainda vindo na sua direção. As pessoas que estão no restaurante, estranhamente, não se movem mais. Nem falam. O único ser que se move naquele lugar é o amor da sua vida. O único som é o do salto do amor da sua vida batendo no piso frio do restaurante. Se você reparar bem, o amor da sua vida se movimenta em câmera lenta. Talvez para que você consiga melhor registrar todas aquelas cores, sons e sensações. Você, ao contrário do resto das pessoas, consegue se mover. Mas você não quer se mover. Você quer simplesmente assistir ao amor da sua vida vindo em sua direção, completamente alheio ao fenômeno físico que paralisou o mundo naquele instante.
O amor da sua vida finalmente cruza o salão e chega até você. Diz alguma coisa, mas você não consegue entender porque está completamente abduzida por aquele exagero de beleza. Você se esforça para sacar pelo menos uma frase e percebe com algum esforço que o amor da sua vida está dando oi. E você entende que já tinha visto o amor da sua vida antes, entende que o amor da sua vida é uma amiga de amigos seus. E que ele está dizendo coisas sobre como gosta de ler o que você escreve. Em pânico, você intui que tudo na sua vida está prestes a mudar definitivamente.
O amor da sua vida dá um beijo no seu rosto e se afasta, talvez achando que, dada sua catatonice, você seja uma pessoa intelectualmente desacelerada. O amor da sua vida retorna para o outro lado do restaurante. As pessoas voltam a falar e a se movimentar. Você agora está fora da fenda, mas para sempre alterada.
Você senta para jantar, mas, em estado de abdução, já não consegue prestar atenção em nada. Você pede uma massa, uma taça de vinho, ainda tentando entender o que está sentindo. Tudo fica ainda mais estranho quando, de saída, o amor da sua vida passa pela mesa que você está e dá adeus com as mãos. Você não quer que o amor da sua vida vá embora, mas não sabe o que fazer. Então percebe que o universo talvez esteja a fim de ajudar quando alguém que está na mesa diz conhecer o amor da sua vida e a convida para sentar. O amor da sua vida puxa uma cadeira e senta bem ao seu lado. E você passa o jantar tentando parecer minimamente inteligente para, assim, apagar aquela primeira impressão. Mas a tarefa é árdua porque você só consegue pensar em ir para casa com o amor da sua vida. E em deitar com ele na mesma cama, fazer amor, comprar o café da manhã, o almoço e o jantar. Só consegue pensar em convidar o amor da sua vida para morar com você. Em viajar com ele, em ir ao cinema com ele, em acordar ao lado dele todos os dias do ano. O amor da sua vida ainda está falando e você, mentalmente, começa a despi-lo. O amor da sua vida dá um gole no vinho que alguém colocou ali sem saber que, dentro da sua cabeça, ela já está sem roupa, deitada na sua cama, dizendo que a ama.
O jantar termina sem que você saiba que o amor da sua vida vai telefonar no dia seguinte. E que será apenas dali a duas noites que vocês dormirão juntas, fazendo, como em seus sonhos, amor a noite inteira. O jantar termina sem que você saiba que, dentro de alguns dias, estará morando com o amor da sua vida, com quem terá conseguido atingir o raríssimo ponto de ter, em doses intensamente iguais, sonhos e memórias. Sem que você se dê conta de que não demorará muito para apresentar o amor da sua vida para toda a família, nem que, juntas, começarão a frequentar a casa de sua mãe – que até pouco tempo não engolia sua orientação sexual – semanalmente para jantar. E que o amor da sua vida vai comer o macarrão alho e óleo da sua mãe, e repetir, dizendo que aquele é o melhor macarrão que já comeu na vida. E que sua mãe, depois de tomar algumas taças de vinho, vai ter um acesso de riso na mesa e, com ele, provocar um acesso de riso no amor da sua vida.
O jantar termina sem que você entenda que foi em uma noite fria de maio que o amor da sua vida entrou em você, vestida em um casaco de couro e botas de salto, para nunca mais sair."

Milly Lacombe