segunda-feira, 2 de julho de 2012

Duzentos e dezenove

Sobre bebês e não bebês.

Há muitos anos penso em ter bebês...Uns bons anos.
E sempre tive CERTEZA de que TINHA que se antes dos 30.

Aos 30, já queria ter um bebê nos braços.
Mas no fundo, sempre soube que seria difícil...Muita coisa tinha que ser acertada em minha vida antes disso.

Primeiro era solteira, depois em 1, 2, 3 relacionamentos errados  instáveis, depois estava voando, depois percebi que voando seria difícil, depois vi que sem profissão nenhuma estava ainda mais longe da situação ideal...Enfim... Nunca foi a hora.

E ainda não é.

Agora estou correndo atrás da fotografia, de me estabelecer nisso e poder sobreviver disso.

E...há um mês de fazer 30 anos.

(Mas deixei essa crise para trás há um tempo...Rs.Sou meio ansiosa e antecipei a crise dos 30.)

Portanto, apesar de estar casada há quase 3 anos (!),ainda não é a hora.

Mas, sabe...Não sei mais se isso importa tanto.

O que é bom!

Pq a maternidade está deixando de ser uma coisa tão idealizada.
E a gente sabe bem que tudo o que é muito idealizado... decepciona.

Cansei de achar que um filho vai mudar a minha vida.
Isso é errado, para mim e para o bebê.

Tenho que estar bem para assumir a responsa de formar outro ser humano, não querer um bebê para resolver os problemas que não soube resolver sozinha...

(Parece óbvio, eu sei, mas certos raciocínios a gente precisa construir...)

Além do que,o buraco com um bebê é mais embaixo,não é só a parte bonita e tals.
Tem que estar estruturada e coisa e tal.

(outro fato aparentemente óbvio, só que não)

"Alô,Vocês entregam bebês?"
Mas tem os outros fatores.

Em primeiro lugar, o tempo é bem injusto com as mulheres...Fica aquele caralho de relógio biológico apitando cada vez mais alto ("tá acabando o tempo, tá acabando o tempo ")...
Parece besteira, mas gente, útero grita!Juro que grita!

Tem também minha endometriose, que pode dificultar as coisas...
Ou seja...Vamos supor que essa fosse a hora...Ainda assim não sei se seria simples.

Na verdade,ninguém sabe né, qto tempo estas coisas levam e tal...E esse "não  saber" me atormenta.

Por fim, as coisas para um casal lésbico são ainda mais complicadas.
Para qquer casal hetero, basta decidir ter um bebê e começar a tentar.
Mas não aqui em casa.
Digamos que precisamos no mínimo de muito dinheiro planejamento para um bebê acontecer.

Daí tem aquele papo, de que se a gente pensar muito, nunca rola bebê nenhum, né?
Vocês foram planejados?
Eu não fui, e a maioria das pessoas que conheço vieram de surpresa.

Mesmo pessoas casadas têm filhos surpresas.

Não gostaria de estar casada com um homem por causa disso...
Mas aqui em casa achamos injusto, pq não podemos simplesmente deixar que o destino decida.

Precisamos calcular cada passo, e torcer para que um dia seja possível.

Mas está tudo bem, essa agonia ficou para trás há uns meses...

Acho que essa resolução, essa postura de (finalmente) admitir que pode ser que aconteça, pode ser que não...Vai inclusive facilitar se um dia acontecer.

Além do que ninguém merece viver essa corrida.

Estou saindo dela, estou CAMINHANDO agora.
Pode ser que cruze a faixa mais tarde que muita gente, mas se tiver que acontecer, vai acontecer.

Claro  que de vez em qdo dá uma tristeza e tal...Mas tudo bem.
Vou fazendo por aqui, por dentro e por fora,o que posso para que o dia D chegue...

Mas estou admitindo que não tenho controle sobre isso.

E isso me dá uma leveza enorme.

Em 2010/2011 li tantos relatos de parto, sofri tanto com isso, acompanhando TANTA coisa, tantos blogs sobre o assunto...De repente, este ano. um belo dia...Isso foi ficando para trás.
Não a vontade de ser mãe, mas essa agonia.
Hoje me espanto com a naturalidade com que essa "obssessão" se instalou e foi embora.

Bom, é  isso.

Há tempos estou para escrever isso, mas é algo que realmente precisava ( e preciso) digerir muito e muito.

É isso...

;)

Ver o tempo passar e as coisas amadurecerem dentro da gente é bem interessante.

Besos!










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