Sessenta e cinco

Eu fico aqui olhando este fim de tarde estranho, minha cara refletindo neste vidro, eu tentando não olhar.Pq estou cansada desta cara de perdida.

Parece que depois de 1 ano de calor, resolveu esfriar só pq vim de vestido.Bem minha cara.

Minha cara continua refletindo, e continuo tentando não olhar.
Nunca me entendi muito bem com minha cara...
Às vezes acho que tem lá sua beleza.
Às vezes  penso que não tem quem olhe para mim.

Bela ou não...
Fato é que passo absolutamente desapercebida na multidão.
E nem é questão de me acharem bonita ou não, pq meu passe anda tão desvalorizado que nem penso nisso.

Se trata de estar viva, sei lá.
Qquer dia alguém senta no meu colo no metrô e vou descobrir que não estou mais por aqui neste mundo.
Sexto sentido feelings.

Se bem que nestes dias ando mais para zumbi, uma vibe total Thriler.

Pensando em duzias de coisas ruins...
E em umas coisas boas,coisas não queria pensar.


Estranho pensar que vou estar lá de visita.
Que meus cachorros nem meu serão...
Que aquelas paredes que pintei tão animada hoje já não tem utilidade.

Verdade, não gosto daquela casa, nunca gostei.Acho que no dia da mudança, talvez.
Mas é minha casa.
Foda voltar (AGAIN) para a cada da minha mãe.
Mesmo  sabendo que tenho 28 anos, ela sempre quer saber tudo...É normal...Se os olhos vem, o coração sente.
Mas um saco.
Segunda fui chorando pelo caminho para não chorar na frente da véia e ter que dar 1001 explicações.
Mesmo assim foi inevitável.Acabei chorando e me irritando pq as perguntas nunca acabavam.

(Só queria que a moça tivesse ido atrás de mim, pedido para eu ficar, implorado para eu ficar...Pq ela nunca é louca, pq nunca sai correndo de roupão pela rua atrás de mim?
Mas não podem dizer que fiz teatro, pois apesar de esse ser um desejo, saí de lá sabendo que ela não iria)

(Que fique só, com seu futuro promissor, suas ex enlouquecidas, suas amizades ma ra vi lho sas...)

Enquanto isso vou tentando me encontrar nos reflexos por aí, até me entender com minha cara...Uma hora devo me entender.
E junto talvez entenda eu toda.
Pq estou difícil de ser decifrada.

Não que alguém queira tentar.
Não que eu queira deixar.

Pensando, cantando, seguindo.

Carente de dar dó.
Tô até me espantando.

Há uma semana estava tão certa...
Agora baixei a guarda, estou ferida, e cadê quem cuide?